quinta-feira, 4 de abril de 2013

A educação como mera mercadoria, uma realidade estarrecedora dentro das escolas da rede privada de Minas Gerais



Vivemos a total decadência da educação. Mas não pense que este cenário se refere apenas à rede pública de ensino. Dentro da rede privada a precarização também se acelera e toma proporções ameaçadoras. Salários defasados tanto dos professores quanto do quadro administrativo. Salas superlotadas. Falta de recursos tecnológicos, de bibliotecas, e de materiais básicos, como pincel e carteiras confortáveis, entre outros. Há colégios que nem sequer oferecem lanche aos professores no momento de intervalo, nem banheiro diferenciado do dos alunos. É assim que funciona o sistema da rede privada de ensino de grande parte das escolas de Minas Gerais.

Em contrapartida, o lucro dessas instituições é cada vez maior. Qualquer família em sã consciência e com a mínima condição matricula hoje o seu filho na rede particular, uma vez que as escolas públicas, no atual contexto, estão fadadas. Enfrentamos salas de aula com média de 40 a 50 alunos e um professor que mal consegue ser ouvido e ouvir, logo, o conteúdo ministrado fica cada vez mais defasado. A indisciplina toma conta e o nosso papel de educar fica jogado a escanteio a fim de que os lucros financeiros dessas empresas escolares se multipliquem.

Geralmente com a mensalidade de três alunos a escola paga todo o salário de um professor, mas, mesmo assim, as salas estão cada vez mais abarrotadas e quando questionamos essa situação, a resposta é apenas um discurso falacioso de que somos competentes e damos conta do recado. O que, claro, sabemos ser um grotesco assédio moral a fim de nos inibir com uma possível demissão: “se não dá conta tem outro para ocupar o seu lugar”. O tempo todo nós, professores da rede privada, nos sentimos ameaçados. E o que o SinproMG faz de fato para nos defender? A cada final de ano é uma angústia, o medo da demissão. A rotatividade de professor é gritante. Quem está, de fato, assegurando os nossos direitos?

Para as mulheres a situação é mais complicada ainda, pois, se surge uma gravidez, é momento de se fazer uma resilição, diminuindo suas aulas, ou até mesmo demiti-la, pois ser mãe é um entrave na visão capitalista das escolas. Quantas professoras já não foram afetadas nessa situação? Além de tudo isso, a maioria dos colégios não oferece vale transporte para professores nem ajuda de custo na gasolina. E ainda temos de conviver com instituições que se dizem filantrópicas, mas que majoritariamente só buscam a lucratividade. Nessas escolas, o funcionário, mesmo exercendo uma jornada de trabalho de 44 horas semanais, no caso de auxiliares de secretaria, disciplinários, porteiros, bibliotecárias, não recebe vale alimentação porque trabalha numa instituição filantrópica cuja mensalidade de um aluno equipara-se ao valor de uma mensalidade de um curso superior. Escandaloso! Brutalmente um acinte aos nossos direito trabalhistas e à nossa dignidade. O SAAE/MG não nos representa, caso contrário, isso não deveria em hipótese alguma acontecer. Devemos lembrar também que as instituições filantrópicas, por não precisarem pagar imposto de renda, não dão 120 dias de licença maternidade, mas apenas 90, pois para elas isso não é lucrativo. 

Como se vê o quadro é decadente e pedimos um posicionamento tanto do Sinpro quanto do SAAE.

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